‘Enfrentamento à violência precisa de inteligência’, reflete Dimas Gadelha

Foto: Divulgação/Reprodução
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Por Redação O CONTEXTO

A morte do lutador Vítor Reis de Amorim, de 19 anos, na última terça-feira (28/12), expôs mais uma vez as chagas da violência em São Gonçalo. De forma repetitiva, a cidade acumula histórias tristes e, na maioria das vezes, sem desfecho justo. Para o médico e ex-candidato à Prefeitura de São Gonçalo, Dimas Gadelha, é obrigação do governo municipal ocupar os bairros com ações sociais, também de educação, cultura e cidadania.

Em publicação nas redes sociais, Dimas escreveu:

“Temos que rever essa política de enfrentamento, trocar por política de inteligência. O enfrentamento armado só destrói famílias de moradores das comunidades e de agentes de segurança. Quem legisla sobre o solo é a prefeitura, que precisa entrar nas comunidades com serviços sociais, saúde pública, infraestrutura e educação. É preciso ajudar os jovens a ingressar nas universidades, ter creches para as crianças, assim ajudando na economia, pois dá oportunidade para as mães trabalharem. Para resgatar e dar oportunidade e direitos iguais paras os munícipes”.

Investimento em tecnologia e inteligência

“Criar uma parceria tecnológica e ajudar o Estado em investigações para que se evite que vidas, histórias e sonhos como a do jovem Vitor Reis de Amorim, lutador de boxe e muai thay, assim como a de outros jovens que por falta de oportunidade moram em comunidades carentes e de agentes de segurança que entram em conflitos muito das vezes sem conhecimento do terreno e com equipamentos sucateados, que por sua vez acabam sofrendo o mesmo fim que é o óbito, dilacerando também familiares e amigos com a dor da perda.

Nós políticos temos que discutir um novo plano de segurança nacional, estadual e municipal. Criar leis que sejam incisivas e acabem de vez com o poder paralelo sem agredir os lados que hoje entram em confrontos e deixam centenas de órfãos de um sistema desestruturado. Nos últimos anos a violência aumentou e as barricadas crescem a cada dia. Faltam arranjos locais que ajudem de fato o reordenamento e o desenvolvimento que leve em consideração as vocações de cada localidade”, postou Dimas Gadelha, completando suas condolências aos familiares de Vítor Reis.

Vítor foi morto em um bar, onde estava com amigos, na comunidade Jaqueira, no bairro Patronato, em São Gonçalo. Ele sonhava se tornar lutador profissional de MMA.

Post feito nesta quinta-feira (30/12)

Em entrevista exclusiva recentemente publicada no site e na revista impressa O CONTEXTO, Dimas Gadelha destacou o papel do poder público, incluindo a segurança da sociedade.

“O combate à violência não se restringe ao atual modelo de enfrentamento, que parece não ter dado certo. Enquanto a estrutura do crime se fortalece, as cadeias continuam cada vez mais cheias e sem oferecer chances reais de reabilitação para milhares de pessoas. Nessa guerra, todos saem perdendo. Policiais, pessoas inocentes ou envolvidas com a criminalidade. O sistema falhou nessa missão. Faltam políticas públicas que resultem em dados sólidos e isso abrange diversas áreas, que deveriam dar suporte às forças de segurança. A polícia se arrisca para fazer seu trabalho, enquanto os reflexos de uma sociedade abandonada tentam se impor em seus territórios.

São Gonçalo, por exemplo, segunda maior população do Estado do Rio. Não é de hoje que vem sofrendo com a violência desenfreada em seus bairros. Nas últimas décadas, a cidade cresceu sem nenhum planejamento, nem social e nem econômico. A população só aumenta, mas não tem emprego, nem oportunidades de inserção para os jovens. Para a maioria, não tem opção de lazer, não tem moradia decente, não tem segurança. Não tem desenvolvimento humano.

Acredito que ninguém se envolve com o crime por vontade própria. As condições de vida e a falta de oportunidades acabam ocasionando essas tragédias nas vidas de milhões de pessoas.

Pode parecer um discurso clichê, batido, mas é verdade que tudo começa pela educação, e isso vai muito além das salas de aula. Na formação de crianças e adolescentes tudo deve ser levado em consideração. Esse aluno ou aluna tem estrutura familiar? Tem apoio, orientação e é bem cuidado? Seus pais têm estudo, emprego, renda? Muitos problemas, como a exclusão social, são heranças que passam de pais para filhos. Os governos precisam enxergar que ignorar um problema hoje pode gerar um muito pior no futuro, que é o que a gente está vivendo atualmente.

Medo da violência, do desemprego, da falta de oportunidades, da insegurança alimentar, entre outros. As desigualdades são frutos da falta de estrutura nas áreas mais sensíveis da sociedade. Isso só vai começar a mudar com inciativas modernas e bem planejadas, nas quais o cidadão esteja sempre em primeiro lugar”.

Leia a entrevista na íntegra clicando no link: https://jornalocontexto.com.br/2021/12/23/o-contexto-entrevista-dimas-gadelha/

Cabe lembrar que entre as principais promessas feitas por Capitão Nelson na campanha que se sagrou prefeito, no ano passado, estava a garantia de que iria “acabar com as barricadas do crime nas comunidades”. Basta dar uma volta pelos bairros mais afetados para enxergar a realidade de uma promessa vazia. Enquanto isso, os bairros continuam crescendo sem planejamento e cada vez mais inseguros para se morar.

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