Petrópolis: tragédias se repetem e, apáticos, governos nada fazem

Foto: Divulgação/Reprodução
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Catástrofes ‘naturais’ se repetem por falta de infraestrutura nas cidades. Prevenção praticamente inexistente propicia ocorrências

Por Patrick Guimarães

Tragédias causadas por fortes chuvas, como a de hoje ocorrida em Petrópolis, são reflexos da falta de investimentos tão necessários em infraestrutura nas cidades, sobretudo nas situadas em regiões serranas. Nesta terça-feira (16/02), mais de 40 mortes já estão confirmadas na cidade imperial, após um dos piores temporais já registrados na história do município. Ainda não existe o número exato de pessoas desaparecidas.

Petrópolis hoje (16/02/22): cidade engolida pela força da natureza

Histórias tristes se repetem

Em janeiro de 2011, os moradores de Nova Friburgo sofreram com o mesmo problema. O saldo da catástrofe resultou em torno de mil mortes, mais de 30 mil pessoas desabrigadas e muita destruição.

Além de Nova Friburgo, Petrópolis, Teresópolis, São José do Vale do Rio Preto, Bom Jardim, Sumidouro, Areal, Santa Maria Madalena, Trajano de Moraes, Sapucaia, São Sebastião do Alto, Três Rios, Cordeiro, Carmo, Macuco, Cantagalo e Cachoeiras de Macacu também sofreram prejuízos e perdas.

Nova Friburgo em 2011

Na época, houve uma mobilização geral, com prefeituras, estados e governo federal, que liberou cerca de R$ 1 bilhão para ações de prevenção e manutenção contra enchentes e deslizamentos.

O governo do estado, em janeiro do ano passado, prometeu investir mais de R$ 500 milhões em contenções de encostas, limpeza de rios e obras de infraestrutura em Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis e Areal. Até agora nenhum plano relevante foi colocado em prática.

Chuvas de 2011 em Teresópolis: tragédias anunciadas

O deslizamento no Morro do Bumba (2010), em Niterói, também reflete a falta de investimentos em mapeamento de áreas de risco, prevenção e obras de infraestrutura. Nesse caso, as chuvas também foram minando o solo e um dia a bomba do Bumba explodiu.

Assim como em outros municípios da região serrana do Estado do Rio, em Petrópolis o problema também é antigo. No dia 5 de fevereiro de 1988, enchentes, deslizamentos e desabamentos tiraram as vidas de 134 pessoas na cidade imperial.

No dia 5 de fevereiro do ano passado, um jornal petrolitano publicou reportagem relembrando as tragédias de 1988 e de 2011. Desde a mais antiga, 34 anos se passaram e as catástrofes continuam se repetindo.

Trata-se de uma espécie de apatia endêmica sobre prefeitos e governadores, que acabam não realizando as obras necessárias para que ocorra uma sintonia com o crescimento das cidades.

A reportagem destaca que “o medo faz parte da vida dos moradores. São 234 locais considerados como risco alto ou muito alto para deslizamentos, de acordo com o Plano Municipal de Redução de Riscos, divulgado em 2017”.

Ressalta ainda que sete mil famílias vivem nestes locais. Milhares de pessoas à mercê da incapacidade do Estado Brasileiro de solucionar sérios problemas que afetam a população.

Quando acontece, ninguém é culpado. “Nunca choveu tanto”, “Foi mais chuva do que o esperado”, “vamos realizar obras nas principais áreas de risco”. São frases clichês que a gente ouve e lê nos noticiários impressos, digitais e televisivos. Mas solução que é bom, nada.

Tais situações não se limitam aos municípios localizados na serra. A capital e as regiões metropolitanas também sofrem bastante. De ano em ano, milhares de pessoas perdem tudo, às vezes até suas casas. De ano em ano, nada melhora, só piora.

Campanhas de arrecadação

Prefeituras de outros municípios, partidos políticos, igrejas, associações de moradores, entre outros, estão mobilizados em campanhas de doações, principalmente de roupas, comida e materiais de limpeza.

Criado no ano passado com o objetivo de ajudar pessoas em situações de risco, o projeto SOS Serra disponibilizou o telefone (24) 99303-8885 para o recebimento e posterior distribuição das doações.

Projeto SOS Serra: ajuda para os petropolitanos

O jornal O CONTEXTO presta toda solidariedade à população de Petrópolis e deseja força às famílias das vítimas.

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