Nesta quarta-feira (27), o presidente Lula e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, se reuniram no Palácio do Planalto em um encontro intermediado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Esse encontro marca o primeiro contato direto entre os dois líderes após meses de conflitos públicos.
A reunião foi agendada com o objetivo de aproximar Lula e Campos Neto, que haviam trocado críticas, especialmente em relação às reduções consecutivas na taxa de juros da economia. A última redução, de 0,5 ponto percentual, reduziu a taxa Selic de 13,25% para 12,75% ao ano.
Apesar das reduções já realizadas, o governo ainda espera novos cortes na taxa de juros. Com base nas projeções do boletim Focus do Banco Central, acredita-se que a Selic possa atingir 9% até o final do próximo ano. O comunicado do Copom reconheceu essa possibilidade, embora tenha expressado preocupações sobre as incertezas econômicas.
O encontro entre Lula e Campos Neto é considerado um passo importante em direção à reconciliação institucional, após meses de tensões públicas. O petista e parlamentares aliados haviam criticado repetidamente as altas taxas de juros e pressionado por reduções, tendo Campos Neto como alvo principal.
Embora seja a primeira reunião em 2023, Lula e Campos Neto já haviam se encontrado no final do ano passado, durante o governo Bolsonaro.
A proximidade de Campos Neto com parlamentares do Centrão e o fato de ele ter sido incluído em um grupo de whatsapp com ex-ministros da gestão anterior geraram desconfiança no Palácio do Planalto, com insinuações de possíveis ambições políticas. Essas suspeitas já haviam sido expressas publicamente por Lula em ocasiões anteriores.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, atuou como intermediário nesse processo de reconciliação, apesar de diferenças iniciais. Fontes do Ministério da Fazenda acreditam que o momento atual é propício para o encontro, especialmente após as sucessivas reduções na taxa de juros.
Além disso, a nomeação de Gabriel Galípolo e Ailton Aquino para posições-chave no Banco Central contribuiu para melhorar a relação entre o governo e a autoridade monetária, uma vez que ambos têm influência nas decisões do Copom.
Roberto Campos Neto e Fernando Haddad têm trabalhado em conjunto de forma mais harmoniosa, sinalizando uma nova fase na relação entre o governo e o Banco Central