Insatisfação e medo marcam atualmente praticamente todos os bairros da cidade. Promessas como o “fim das barricadas nas comunidades” e “redução nos índices de violência” não saíram do discurso. A cada ano, a situação só piora e parece não ter fim
Por Patrick Guimarães
Principal proposta de governo do prefeito de São Gonçalo, Capitão Nelson Ruas (PL), quando se elegeu, em 2020, os investimentos em segurança pública ficaram somente no campo das promessas. Dois anos e meio após assumir o cargo, com mais um e meio pela frente, a cidade hoje sofre uma espécie de pandemia de assaltos e invasões a residências e comércios.
No domingo (28/05), três carros particulares de passeio foram roubados em ruas do bairro Jardim Alcântara, todos no mesmo horário.
Na Rua 2, às 21h30 do domingo (28), um modelo Renault foi levado por criminosos armados que estavam em um corsa preto.
Uma infeliz coincidência levou outro motorista a perder seu carro no bairro, desta vez na Rua Francisco Campos. No mesmo dia (28) e por volta do mesmo horário (21h30), um Honda foi levado por um assaltante logo após o carro estacionar na rua.
De bermuda, chinelo, boné e casaco moleton com capuz, o bandido aborda o motorista com uma arma na mão, entra no carro e vai embora, tranquilamente. Toda a ação foi filmada por uma câmera de segurança.
Assista o vídeo:
Parece até mentira, mas não é. Também no domingo (28), quase no mesmo horário das ocorrências descritas acima, por volta das 22h, um HB20 vermelho roubou um gol Branco 5ª Geração, na Rua Felinto Macedo.
No dia seguinte, segunda-feira (29/05), por volta das 13h, uma tentativa de roubo de mais um carro gerou pânico na porta de uma escola particular, que fica na Rua Delgado de Carvalho.
Uma testemunha contou que “um homem de blusa branca se aproximou do carro de uma pessoa ligada à escola, que teria percebido a ação do assaltante e arrancou com o carro. O bandido deu um tiro, chegou a acertar o vidro, mas não acertou o motorista, graça a Deus e ele passa bem”, disse.
Casos em sequência
O grande número de casos tem assustado moradores, que cobram ações das autoridades para coibir os assaltos. Ciente dos quatro casos relatados acima, um morador destacou a situação com espanto:
“Os casos dos carros levados e da tentativa de assalto na escola ocorreram em um raio de 100 metros um do outro. E a gente sabe também que isso não está acontecendo somente aqui. É na cidade toda. O prefeito (Capitão Nelson) se elegeu prometendo que ia melhorar a cidade, mas não vemos mudança e dá a sensação de que até piorou”, diz o homem, que preferiu preservar sua identidade.
Vídeo: Farmácia assaltada no Mutondo
Em plena luz do dia, às 7h18, conforme mostra o canto direito de cima da gravação do vídeo do assalto, um homem entrou em uma farmácia na Rua Dr. Alfredo Backer, no bairro Mutondo, e levou todo o dinheiro que estava no caixa. Aproveitando que a loja estava fazia, chegou até o balcão, mostrou a arma, pegou o dinheiro e fugiu.
No momento do crime, ele trajava peças claras de bermuda jeans e moleton. Ele foi preso pouco depois e a ocorrência foi registrada na 72ª DP (Mutuá).
Veja o vídeo da ação:
Pedestres também têm sofrido
“É muito triste a pessoa estar caminhando na rua e ser assaltada. É uma sensação de impotência e revolta muito grande. Só na minha rua, mais de cinco pessoas foram assaltadas em menos de um mês. Daí você vai no outro quarteirão e pergunta, sempre encontra alguém que também passou por isso no bairro”, diz o marceneiro Eduardo da Silva, 41 anos, assaltado em uma rua do bairro Camarão, localizado na região central do município. Ele perdeu o celular e o dinheiro que tinha no bolso.
Conforme prometido durante a campanha em 2020, e em busca da reeleição no próximo ano, o prefeito de São Gonçalo, Capitão Nelson, não conseguiu acabar com as barricadas, que hoje estão além das comunidades; não criou o tão sonhado centro de monitoramento de câmeras na cidade; e sequer regulamentou o Plano Municipal de Segurança Pública, documento este que está engavetado há anos, apesar de sua indiscutível importância para a melhora na qualidade de vida na cidade.
A prefeitura não responde aos questionamentos das nossas reportagens.
