Dimas Gadelha: com o futuro em nossas mãos, é tempo de reflexão

Foto: Divulgação/Reprodução
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Por Dimas Gadelha

A busca do atual governo federal de enfraquecer as instituições democráticas do país é um ato pensado, malicioso e vai de encontro aos valores da República, baseados na Democracia e Constituição. Sistema Único de Saúde (SUS), justiça, educação, cultura, habitação, emprego e renda, tecnologia, pesquisa. Estes e vários outros setores são fundamentais para o desenvolvimento do Brasil, no entanto, vêm sendo deixados em segundo plano nos últimos seis anos. Nessa linha de retrocesso contínuo, o governo trocou a dignidade dos brasileiros por políticas que representam mudanças radicais e suspeitas.

Acho válido refletir que, enquanto o Brasil sofre com a economia frágil, inflação e juros altos, com a falta de emprego, com 30 milhões de brasileiros passando fome, sem abrigo, sem assistência e sem dignidade, o governo brasileiro incentiva o combate urbano entre o dito “cidadão de bem”, ou seja, nós, e quem age fora da lei.

Mal começou o incentivo sem precedentes para armar a população, tragédias já estão ocorrendo Brasil afora. A legalização do porte de arma de fogo, em formato de licença de colecionador, atirador esportivo e caçador, o chamado CAC, vem se popularizando no Brasil, assim como a abertura de centenas de clubes de tiro e a comercialização de munições e armamentos.

Antes restrito aos agentes das forças de segurança pública, com a aprovação da proposta, o governo conseguiu, na prática, legitimar o uso de armas por cidadãos comuns.

A facilidade para se andar armado no Brasil revelou a vontade de uma pequena parcela de brasileiros interessados em portar o artefato. Contudo, o salto de novas licenças CAC em um ano assusta, se levarmos em consideração que qualquer um pode estar armado do seu lado hoje em dia.

Somente no governo de Bolsonaro, número de pessoas com certificado de registro de armas de fogo cresceu 474%, passando de 117.467 para mais de 670 mil, considerando dados até 1º de julho desse ano.

Os reflexos já vêm sendo expostos. Na última segunda-feira (8/08), um homem de 28 anos foi buscar o filho e o sobrinho na escola. No banco de trás, as crianças se depararam com a arma esquecida sobre o banco. Curioso, o menino acabou disparando um tiro acidental. A vítima morreu no local, em frente à escola. A arma estava legalizada, pois a vítima tinha CAC.

Não é de hoje que muitos lares que combinam crianças e adolescentes com armamentos passam por situações como essa. É uma forma escusa e covarde de se esquivar das suas responsabilidades (o governo federal).

A segurança pública é o resultado da sociedade que se formou. O desenvolvimento de uma nação só acontece quando se investe na promoção de oportunidades, tanto para os jovens quanto para os mais experientes. Se a criminalidade aumentou, é porque faltou política pública séria.

E com essa política do salve-se quem puder, ou souber atirar melhor, a gente se questiona: será esse mesmo o caminho?

A sensação que dá é a de que o Brasil perdeu o rumo. Está solto em meio a achismos e ideologias exageradas, muitas vezes sem fundamentos e autoritárias.

Conversando com as pessoas, no dia a dia, percebemos que não está bom para ninguém. Nem para o empresário, nem para o empregado. Um retrocesso muito grande vem ocorrendo na sociedade brasileira, sobretudo em relação ao respeito à individualidade, às leis e à transparência sobre o uso do dinheiro público.

Um governo que fala em combate à corrupção, mas não apresenta melhorias para as famílias brasileiras e gasta os recursos do país através de orçamentos e cargos secretos. Sem contar demais despesas com contratos, cartões corporativos e diversos outros benefícios que sequer chegam ao conhecimento da população.

No dia 2 de outubro deste ano, temos a oportunidade de virar esse jogo e ajudar o Brasil a voltar para o caminho desenvolvimento, do respeito e dignidade para os brasileiros.

* Dimas Gadelha é médico sanitarista, ex-secretário de Saúde de São Gonçalo-RJ e ex-secretário de Gestão e Metas de Maricá/RJ. Neste ano, é pré-candidato ao cargo de deputado federal. O texto não reflete necessariamente a opinião de O CONTEXTO.

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