A escalada dos casos de extorsão no Rio de Janeiro evidencia uma preocupante presença das milícias, atingindo níveis sem precedentes. Os dados do Instituto de Segurança Pública apontam para 1.796 registros de janeiro a outubro de 2023, o que representa uma média alarmante de um caso a cada quatro horas.
A Zona Oeste do Rio se destaca como epicentro desse fenômeno, abrigando um terço de todos os casos e refletindo a intensificação das atividades de facções criminosas na região. Áreas como Santa Cruz e Campo Grande ilustram essa realidade, onde até mesmo crianças e adolescentes que trabalham em semáforos são vítimas de extorsão, sendo obrigados a pagar R$ 50 semanalmente.
O aumento expressivo de 58% nos casos na área do 31º BPM (Recreio) entre janeiro e outubro deste ano, em comparação com o mesmo período de 2022, ressalta a preocupação crescente. Os primeiros dez meses de 2023 já ultrapassam em 17% os índices do ano anterior, indicando uma escalada persistente.
O antropólogo Robson Rodrigues, ex-chefe do Estado-Maior da PM fluminense, sugere que o aumento pode estar relacionado à expansão das milícias para áreas anteriormente não controladas, provocando descontentamento na população.
Enquanto o Rio de Janeiro enfrenta esse desafio, a Zona Oeste registra um aumento paradoxal nos homicídios, divergindo da tendência de queda observada no restante do estado. O combate a esse cenário exige não apenas medidas repressivas, mas também uma abordagem abrangente que considere as causas subjacentes desse alarmante crescimento da criminalidade.