Homicídios de jornalista, vereador e filho em Maricá começam a ser desvendados

Foto: Divulgação/Reprodução
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Uma série de crimes brutais abalou a cidade de Maricá, na Região dos Lagos, entre fevereiro e agosto de 2019. Durante as investigações, a policiais da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG), em parceria com o Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio (MPRJ) descobriram uma rede de interesses políticos por trás dos assassinatos, que incluía até mesmo uma orgia na prefeitura. A mandante dos assassinatos de Thiago André Marins, ex-companheiro de Vanessa da Matta Andrade, conhecida como “Vanessa Alicate”, e do vereador Ismael Breve de Marins foi identificada.

Os executores dos crimes foram identificados como Rodrigo José da Silva Barbosa, também conhecido como “Rodrigo Negão”, líder de uma milícia local, e o subtenente reformado da Polícia Militar Davi de Souza Esteves. Rodrigo, considerado perigoso, chegou a ameaçar um deputado federal eleito com grande influência na região.

Os acusados Rodrigo José Barbosa da Silva, o ‘Rodrigo Negão’; Davi de Souza Esteves, o ‘subtenente Davi’; e Vanessa da Matta Andrade, a ‘Vanessa Alicate’ — Foto: Reprodução/Globo

A polícia e o MP possuem evidências de que “Vanessa Alicate” ordenou os assassinatos de Thiago e do seu pai, o vereador Ismael, motivada pela redução de sua pensão alimentícia de uma filha que o casal teve quando estavam juntos. Ismael teria sido executado por “queima de arquivo”, ao ouvir o barulho de tiros na casa. Vanessa era amiga de infância de Rodrigo, e teria pedido ao “amigo”, segundo a polícia, para que matasse Thiago.

Thiago Marins foi assassinado a pedido de Vanessa — Foto: Reprodução

Os crimes foram planejados minuciosamente. Os matadores de aluguel seguiram um padrão em suas ações: monitoraram as vítimas antes dos assassinatos e utilizaram a mesma arma, uma pistola Glock, em três dos casos. No caso do jornalista Romário Barros, criador do site “Lei Seca Maricá”, a organização criminosa estava incomodada com suas reportagens que denunciavam escândalos políticos. O repórter foi emboscado e morto enquanto voltava para casa de carro. Imagens de câmeras de segurança foram comparadas com fotos de Rodrigo, confirmando sua participação no crime.

O acontecimento de uma suposta orgia, que ocorrido naquele mesmo ano (2019), foi citada no relatório da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG). Na ocasião, “Vanessa Alicate” teria engravidado do pastor Renato (Machado), eleito deputado estadual pelo PT no ano passado.

De acordo com o relatório, o fato foi “veiculado pelas mídias locais” na época. Após a orgia, conforme o documento, Vanessa “teria se aliado ao jornalista Giorno (Robson Giorno) a fim de obter vantagens financeiras e cargos dentro daquele governo municipal, situação que, posteriormente, levou à morte de Giorno”.

Robson foi morto um mês antes do assassinato de Romário Barros, em maio de 2019, também a tiros, em frente à sua casa no Boqueirão, em Maricá. O jornalista era proprietário do Jornal O Maricá. O caso segue sendo investigado.

As investigações também revelaram que outro assassinato foi motivado por vingança, após uma discussão pública entre a vítima, Sidnei da Silva, e a ex-cunhada, esposa de Rodrigo “Negão”.

Na época dos assassinatos, “Rodrigo Negão ” atuava como segurança e homem de confiança de Renato Machado (PT). O parlamentar e a prefeitura de Maricá não se pronunciaram sobre as investigações e as defesas de Rodrigo, Vanessa e Davi ainda não emitiram posicionamento.

As informações foram publicadas com exclusividade pelo jornal O GLOBO, nesta sexta-feira (25/08).

Informações dão conta de que policiais do Gaeco estão na sede da Somar, empresa de obras públicas de Maricá, na tarde desta sexta-feira (25/08), recolhendo documentos, computadores e demais itens que possam vir a somar com as investigações.

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