Nos bastidores do Carnaval carioca, a agremiação Porto da Pedra, originária de São Gonçalo, prepara-se com intensidade para a edição de 2024, revelando estratégias ousadas visando consolidar sua presença no Grupo Especial. Após conquistar destaque na Série Ouro no ano passado, a escola investiu consideravelmente em contratações e tecnologia para impactar a Avenida.
Os bastidores revelam uma decisão assertiva ao reconduzir o renomado carnavalesco Mauro Quintaes, cuja trajetória histórica com Max Lopes remonta a 1984. Outra movimentação significativa foi a contratação da porta-bandeira Denadir Garcia, agora dançando ao lado de Rodrigo França, após defender o pavilhão da Unidos da Tijuca no ano anterior.
O enredo “Lunário Perpétuo: profética do saber popular” foi escolhido por Quintaes para marcar o retorno da escola à elite. O tema explora a história de um almanaque escrito em 1594 por Jerónimo Cortez, abordando conselhos e orientações sobre vários aspectos da vida, desde fases da lua até previsões do tempo. A escola busca resgatar essa história pouco conhecida e valorizar a cultura popular.
Entretanto, a decisão de ser a primeira escola a desfilar não é isenta de desafios, como indicam estatísticas anteriores. A Porto da Pedra enfrenta a difícil missão de superar a tendência de receber notas mais baixas por abrir o desfile. A agremiação busca compensar essa dificuldade com um projeto grandioso e investimentos significativos.
A apresentação promete surpreender com detalhes inovadores, como efeitos especiais na comissão de frente, voos e flutuações mantidos em sigilo. O último setor do desfile será dedicado a homenagens a grandes nomes do samba, incluindo Quinho do Salgueiro, Max Lopes e Roberto Szaniecki. A bateria, sob o comando do Mestre Pablo, promete uma pegada nordestina na Sapucaí.
Um dos pontos de destaque é o movimento especial em todas as alas, uma coreografia em alusão ao verso “quem acendeu as lamparinas desse céu?”. Contudo, a complexidade desse cenário levanta questões sobre a possível perda da espontaneidade do sambista, que, nos últimos anos, tem seguido movimentos coreográficos em detrimento da energia individual e autenticidade.