A trágica história da família Rezende, ligada a uma das maiores milícias do Rio de Janeiro, é um testemunho de como a violência pode permear gerações. Matheus da Silva Rezende, conhecido por apelidos como Faustão e Teteu, desempenhava um papel crucial como o segundo na hierarquia da organização liderada por seu tio, Luiz Antônio da Silva Braga, mais conhecido como Zinho.
Matheus, um jovem de apenas 24 anos, teve seu destino selado em uma operação policial em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde foi alvejado fatalmente. Sob investigação por suposto envolvimento em pelo menos 20 assassinatos, ele era uma peça fundamental na estrutura da milícia.
A morte de Faustão desencadeou uma onda de violência no Rio, com a queima de pelo menos 35 ônibus e um trem em protesto. O governador Cláudio Castro (PL) classificou esses ataques como “terrorismo” e expressou a esperança de que Zinho seja preso em breve.
Em setembro, tanto Zinho quanto Matheus Rezende foram denunciados pelo Ministério Público do Rio pelo assassinato de Jerônimo Guimarães Filho, conhecido como Jerominho, e seu amigo Maurício Raul Atallah, em agosto de 2022. Jerominho, que já foi vereador, era o fundador de uma milícia privada conhecida como Liga da Justiça.
A denúncia também incluiu outros nomes ligados ao crime: Rodrigo dos Santos (conhecido como Latrell ou Eclesiastes 3), Alan Ribeiro Soares (vulgo Nanã ou Malvadão), Paulo David Guimarães Ferraz Silva (conhecido como Costelinha) e Yuren Cleiton Felix da Silva (chamado de Naval). Segundo a denúncia, esses indivíduos agiram sob as ordens de Zinho, Rodrigo e Matheus, disparando diversas vezes contra as vítimas.
As investigações apontaram que Maurício Raul Atallah foi morto por estar ao lado de Jerominho, o alvo do ataque. Surpreendentemente, Matheus Rezende é o terceiro membro da família a encontrar a morte em confrontos com as forças de segurança do Rio. Seu tio, conhecido como Carlinhos Três Pontes, perdeu a vida em uma operação da Delegacia de Homicídios da Capital em 2017, e outro tio, Ecko, faleceu em 2021 em Paciência, na Zona Oeste do Rio, o que levou Zinho a assumir o comando da milícia.
Essa história sombria da família Rezende é um triste lembrete do ciclo de violência que assola algumas áreas do Rio de Janeiro e da necessidade de ações enérgicas para rompê-lo.