O falecimento do compositor e sambista Nelson Sargento, aos 96 anos, nesta quinta-feira (27/05), acende o sinal de alerta sobre a situação dos idosos em relação ao coronavírus. Apesar de ter sido vacinado com as duas doses, o ícone do samba foi reinfectado e, devido à idade avançada, não resistiu ao vírus.
Sargento estava internado no Instituto Nacional do Câncer (Inca) desde a sexta-feira passada (21), onde foi intubado ontem (27), como alternativa para tentar recuperá-lo.
O presidente de honra da Estação Primeira de Mangueira nasceu em 25 de julho de 1924, na Praça XV, no centro do Rio de Janeiro. Batizado como Nelson Mattos, teve o apelido Sargento incorporado ao seu nome depois de sair do Exército.
O contato com o samba surgiu ainda infância. Aos 10 anos, ele já tocava tamborim. Na Mangueira, impôs sua marca embasada em toda sua genialidade para compor.
Fora da escola de samba do coração, participou do histórico espetáculo Rosa de Ouro (1965), ao lado de Elton Medeiros, Clementina de Jesus e Paulinho da Viola. Como integrante do conjunto A Voz do Morro – ao lado de Paulinho da Viola, Zé Kéti, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, José da Cruz e Anescarzinho, Sargento gravou Roda de Samba 2, um marco do samba.
Em 1979 lançou seu primeiro álbum, “Sonho de um Sambista”, teve ao lado parceiros como Cartola, Carlos Cachaça e Darcy da Mangueira, entre outros. Muitos anos mais tarde, em 2002, Flores em Vida concorreu ao Grammy Latino de melhor disco de samba. Em toda sua carreira, compôs mais de 400 músicas, deixando um legado para as gerações futuras.
Sargento também demonstrou seu talento nas artes plásticas, na literatura e nas artes cênicas. O artista também participou do cinema, em filmes como O Primeiro Dia, de Walter Salles e Daniela Thomas; Orfeu, de Cacá Diegues; e Nelson Sargento da Mangueira, de Estêvão Pantoja, que resultou no recebimento de um Kikito, no Festival de Cinema de Gramado de 1997, na categoria melhor trilha de curta-metragem. O projeto também recebeu o prêmio de melhor montagem, para Cezar Migliorini.
Autor de faixas como “Agoniza, mas não morre” e “Cântico à natureza”, Sargento chegou a ser vacinado com a segunda dose contra a covid-19, no dia 26 de fevereiro. Mesmo assim, acabou sendo testado positivo para a doença.