Por Patrick Guimarães
Após denúncia apresentada no dia 17/05 por uma grande emissora de televisão contra o secretário de Saúde de São Gonçalo, André Carvalho Vargas, parece que a permanência dele no governo está praticamente insustentável. Pelas ruas da cidade, muitos questionam qual seria a vantagem do prefeito Capitão Nelson (PL) em mantê-lo à frente de uma das pastas mais importantes e complexas da gestão municipal.
Desde que assumiu a secretaria, o secretário vem cometendo uma série de erros no comando da pasta. Na gestão da pandemia, Vargas tem falhado sistematicamente, além de estar enfrentando denúncias por supostas irregularidades em sua gestão. Em matéria televisiva que foi ao ar no dia 17 de maio, diversos usuários do sistema municipal de saúde reclamaram da péssima gestão do secretário.
“Você vai num posto e não tem vacina, naquele lá também não tem. Agora, a mulher do meu neto tá fazendo pré-natal num posto e tem que fazer o exame em outro. E ainda esperar o mês que vem pra poder marcar”, diz uma senhora.
Assista a matéria completa clicando no link:
https://globoplay.globo.com/v/9523366/?s=0s.
É comum encontrar filas enormes em alguns pontos de vacinação da cidade. Idosos e pessoas com comorbidades são obrigadas a enfrentar grandes filas para serem vacinadas.

Como se já estivéssemos livres da pandemia – e está longe disso – o secretário insiste em adotar decisões equivocadas, que só fazem aumentar o número de infectados e mortos pela covid-19 na cidade. Os próprios números provam isso.
Em 31 de março desse ano, O CONTEXTO publicou a matéria intitulada “Mortes sob suspeita de covid-19 aumentam 78% em uma semana em SG”. Naquele dia, foram revelados números assustadores sobre o avanço da doença na cidade. Leia aqui: https://jornalocontexto.com.br/2021/03/31/mortes-sob-suspeita-de-covid-19-aumentam-78-em-uma-semana-em-sg/.
Nesse mesmo dia (31/03), São Gonçalo registrava 1.591 óbitos confirmados e outros 64 sob suspeita da doença. Nesta data, seis pessoas tiveram suas mortes classificadas tendo como causa a covid-19.
Nesta quinta-feira (27/05), a cidade passou a somar 2.364 mortes em decorrência do coronavírus, tendo outros 150 óbitos sob suspeita. Somente nesta quinta, 23 pessoas morreram no município, contra seis no último dia do mês de março.
Silenciosamente, a doença vai matando, dia a dia, e parece ter caído em naturalidade no senso comum. Como mostram os dados acima, somente nesse período, de 31 de março até hoje, 27 de maio, menos de dois meses corridos, o número de mortes pela doença acelerou intensamente na cidade e nada menos do que 773 pessoas morreram em São Gonçalo. Pensando pelo lado humano, são partes de famílias que não têm mais reposição.
Óbitos crescem mais de 130% na atual gestão
A gestão desastrosa do atual secretário de Saúde de São Gonçalo, André Vargas, levou a cidade a dar um salto de mais de 130% no número de mortes, desde que ele assumiu a pasta, logo no início do governo.
No dia 2 de janeiro, a segunda maior cidade do Estado do Rio registrava 1.003 mortes por coronavírus. Ou seja, em menos de cinco meses de administração do atual secretário, André Vargas, as mortes mais que dobraram na cidade.

Se diminuirmos o número de mortes desta quinta-feira (2.364) pelas registradas em 2 de janeiro (1.003), chegamos a um resultado assustador: 1.361 pessoas morreram desde então, sendo 773 deles ocorridos entre o início de abril e o final de maio. Tristemente, nas últimas semanas São Gonçalo vem registrando média de mortes diária de 20 pessoas.

Em 2 de março deste ano, ao ser convidado a prestar esclarecimentos e tirar dúvidas sobre o serviço de vacinação e as medidas adotadas pelo governo municipal contra a covid-19, na tribuna da Câmara Municipal de Vereadores, André Vargas cometeu uma gafe e demonstrou profundo despreparo.
Apesar de ter a função de transmitir segurança e conhecimento, André soltou uma pérola que ficará na história, ao afirmar não ter tomado a vacina porque já tinha contraído o coronavírus.
Todos ficaram espantados com a colocação do secretário, já que Vargas é médico e comanda a saúde do município. Ao propagar uma desinformação tão grave, foi de encontro aos estudos científicos, ignorou as novas variantes e parece ter esquecido sobre a possibilidade de reinfecção. Para piorar, o próprio atua na linha de frente e pode contaminar pacientes, assim como qualquer outra pessoa com quem estiver em contato.
‘Kit covid’ corre solto na cidade
O CONTEXTO teve acesso à receita médica prescrita a um paciente de covid-19 em uma unidade de saúde do município, que indica medicamentos do chamado “kit covid” para o tratamento da doença. O problema é que centenas, talvez milhares de pessoas, têm se automedicado com o chamado kit, ao perceberem qualquer sinal que os levem a crer estarem infectados pelo vírus.
Acontece assim, alguém fica doente e transmite a alguém dentro de casa, por exemplo. Ao retornar da unidade de saúde com os remédios prescritos pelo médico, a partir daí, qualquer esperança de cura ou melhora na família, seja qual for a doença, é despejada sobre o tal kit.
No entanto, alguns destes medicamentos podem agravar outras doenças, as quais muitas vezes a pessoa nem sabe que tem, como as do coração, por exemplo.

Diversas matérias jornalísticas vêm sendo publicadas ao longo dos meses sobre o uso indiscriminado do “kit”. Sobre a Ivermectina, por exemplo, a Organização Mundial de Saúde (OMS) não recomenda o uso do medicamento para o tratamento contra covid-19.
Confira alguns exemplos nos links abaixo e conheça os riscos:
São muitos os erros e as decisões equivocadas de André Vargas à frente da pasta. Insatisfeito, o prefeito Capitão Nelson já estaria selecionando novos nomes para assumir o cargo. Entre os cotados estariam os médicos Ariel Hayasaki e Isac Esteves, e o dentista Paulo Nascimento.
Nos grupos políticos da cidade, inclusive do próprio prefeito, muita gente não entende a permanência de André Vargas na pasta da Saúde. Também há um entendimento de que Nelson tem sua imagem prejudicada, e muito, pelos escândalos ligados ao secretário, que nem são seus.
Em 20 anos de política, o atual prefeito não teve seu nome envolvido em escândalos de corrupção, um contraponto a André Vargas, que soma denúncias contra si e profundo despreparo para comandar a saúde do município. Cabe lembrar que ele já fazia parte da equipe da Secretaria de Saúde no governo do ex-prefeito José Luiz Nanci.
Em novembro do ano passado, uma votação realizada pelo Portal G1 de notícias apontou as prioridades da população gonçalense. A saúde aparece no topo do ranking, seguida pelas demandas da educação, ordem pública e combate à corrupção. Confira o gráfico abaixo:

O CONTEXTO enviou questionamentos à prefeitura sobre os dados expostos na matéria, mas não obteve respostas até o fechamento da edição.