Por Patrick Guimarães
A Unidade de Saúde da Família (USF) no bairro Anaia Pequeno existe, mas suas portas não abrem para atender os moradores há aproximadamente um ano. Situado na Rua Clodomiro Antunes da Costa, sem número, o local está fechado desde o ano passado. A prefeitura do município disse que está avaliando a possibilidade de reabertura mas não apresentou uma previsão.
Quando funcionava, a unidade amenizava o déficit de atendimentos para a população na região. Além do Anaia Pequeno, o posto fechado também deixa de atender moradores de outros locais próximos à unidade de saúde, como Anaia Grande, Jóquei, Vila Candosa, Tribobó, Arsenal, Arrastão, Jardim Nova República, Parque São Sebastião, Jardim Independência e Ipiíba.
É fácil encontrar quem reclame sobre a desassistência por parte da Secretaria de Saúde aos moradores. Para poucas famílias, a caminhada de casa até a clínica Dr. Zerbini, a única a oferecer uma lista mais variada de especialidades e atendimentos, é menos árdua. Já a maioria sofre com a distância e, muitas vezes, com a falta de condições para pagar passagens de ida e volta até a unidade.
Morador da Rua Clodomiro Antunes da Costa, onde fica o poste saúde fechado, o vendedor Roberto Souza Barreira, 34 anos, vem sentindo as dificuldades na própria pele e reclamou bastante da falta de atenção da Secretaria de Saúde com a população.
“O bairro (Anaia Pequeno) tem muitos idosos e a locomoção para esse público é muito difícil. Eu mesmo tenho dois idosos e um filho especial em casa. Quando existia o posto era melhor, porque eles podiam até ir a pé e no local tinha diversos tipos de atendimentos, inclusive vacinação”, explica Roberto. “Tenho conhecidos cadeirantes, com doenças crônicas e os moradores daqui são simples, humildes, que necessitam sempre da rede pública de saúde”, acrescenta.

Milhares de famílias passam por dificuldades
Na realidade, a reabertura da USF do Anaia Pequeno reduz o problema, mas não garante a solução. Seguramente, mais de 100 mil pessoas dependem de atendimentos médicos naquela região. Contudo, a unidade mais próxima, e preparada para atender a população, é a Clínica Dr. Zerbini, que fica às margens da Avenida Dr. Eugênio Borges (trecho da RJ-106). Cabe lembrar que a clínica ficou fechada durante sete anos, tendo sido reinaugurada há três anos.
“Muita gente não tem outra opção na hora que precisa de um médico, um exame. O certo era cada bairro ter, no mínimo, uma unidade bem equipada para atender os moradores. Tem pessoas que não possuem condição de sequer pagar quatro passagens, que é o mínimo que se gasta contando o deslocamento do paciente e mais um acompanhante. Se tiver que pegar mais de uma condução, pior ainda”, reclama a aposentada Maria José de Almeida, de 73 anos, enquanto caminhava pela Rua Waldemiro Mendonça.
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil disse que “está sendo feito levantamento populacional para avaliar a possibilidade de reabertura da unidade de saúde com a criação de uma nova equipe de Saúde da Família. Os profissionais que trabalhavam nesse posto foram remanejados para a Clínica Gonçalense Dr. Zerbini, no Arsenal, que atende a população do Anaia”, diz a resposta.
O atual governo municipal só não explicou porque, apesar de já estar no sexto mês da gestão, essa questão ainda não foi resolvida ou sequer pensada, deixando a impressão de que a saúde não está entre as prioridades.
Apesar do crescimento desordenado da população, a cidade continua sem o direcionamento de um plano diretor, ou seja, sem planejamento para o desenvolvimento sustentável, tanto para o presente quanto para o futuro. A cidade cresce, mas os problemas permanecem ou até aumentam. Na página da prefeitura, a última atualização disponível com dados dos bairros é de 2005. Confira no link abaixo: