A polícia federal concorda com a delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Cid, envolvido em casos de fraude de cartões de vacina, elaboração do golpe e venda de joias e presentes recebidos pelo governo Bolsonaro em viagens ao exterior, confirmou sua decisão ao Supremo Tribunal Federal (STF) na quarta-feira (6).
Durante os últimos 20 dias, Cid prestou depoimentos à PF, aguardando agora a análise do Ministério Público Federal (MPF) sobre as condições do acordo. A delação premiada, no entanto, só será válida após homologação pelo STF.
O foco da delação ainda não foi revelado, uma vez que Cid é investigado em múltiplos casos, incluindo suspeitas de envolvimento na tentativa de trazer joias da Arábia Saudita de forma irregular, venda ilegal de presentes de delegações estrangeiras ao governo Bolsonaro em viagens oficiais e possível fraude em carteiras de vacinação de Bolsonaro e sua filha. Além disso, há indícios de seu envolvimento nas tratativas relacionadas a uma possível invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) pelo hacker Walter Delgatti Neto, com o objetivo de desacreditar o sistema judiciário brasileiro e em negociações acerca de um suposto golpe de estado.
Na quarta-feira, Cid compareceu ao STF para formalizar sua decisão de colaborar com as autoridades, demonstrando sua disposição voluntária. O juiz Marco Antônio conduziu uma audiência com Mauro Cid e seu advogado para confirmar sua intenção de realizar a delação à Polícia Federal (PF). Agora, a delação será analisada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, que decidirá se a homologa ou não. Em 28 de agosto, Cid já havia prestado mais de 10 horas de depoimento à PF, no âmbito da investigação sobre a invasão do sistema do CNJ por Walter Delgatti Neto, enquanto o acordo de delação estava em processo de negociação.