O direito de viver

Foto: Divulgalção
Facebook
Twitter
WhatsApp

Por Aldemir Guimarães

Em janeiro de 1978 era criada no Rio de Janeiro uma comissão denominada “Pró-Índio”, com sede na Rua da Lapa, número 200, sala 906. Esta comissão, sem fins lucrativos, como estabelece seu estatuto, trazia na sua presidência um Antropólogo norte-americano, que na época atuava no Museu Nacional da Quinta da Boa Visto. Como é possível ver, a preocupação com o índio vai longe, no tempo e no espaço…

A “Comissão Pró-Índio” revela as seguintes finalidades:

a) contribuir para uma nova consciência pública de respeito às minorias étnicas e sociais.

b) apoiar os povos indígenas nas reivindicações para recuperar e garantir a “inviolabilidade de suas terras, sua posse permanente, o usufruto exclusivo das riquezas naturais e de todas as utilidades nelas existentes assim como o direito aos produtos de seus trabalhos e à sobrevivência digna”.

c) reconhecer, respeitar e apoiar sua autonomia cultural e o direito a autodeterminação e livre organização dos povos indígenas.

Composta por dez membros, a diretoria se propunha entre outros a “prestar serviços de assessoria a entidades e organismos, desde que expressamente solicitados”.

Após muitos aniversários da criação, a Comissão e a “nova consciência pública” de respeito ao índio (minorias étnicas) continua velha nos padrões da discriminação. Na mesma sequência vamos ver e sentir que a indefinição conduz a violabilidade das terras indígenas, extraindo-lhes o usufruto das riquezas naturais nelas existentes.E pior, excluindo-os de uma condição humana.

Quando retiramos um animal de seu habitat, sabemos que sua sobrevivência estará ameaçada. Do mesmo modo,, se o fizermos com um “civilizado” na urbanidade da vida, colocando-o em plena selva… todos sabem das consequências!… O animal agonizará longe de sua natureza, enquanto o “civilizado” perecerá por não conhecer e nem ter experiência da harmonia que equilibra a lei natural.

O direito de autodeterminação, a autonomia cultural e a livre organização dos índios precisam ser respeitados. Assim defende a “Comissão Pró-Índio”. No entanto, questionamos: Que interesses reais estão por trás desta Comissão? Por que seus representantes surgem do nada como salvadores dos valores indígenas ???

O que importa é não esquecermos que o Índio foi escravizado primeiro que o negro, mas não conseguiu ainda, cinco séculos depois da tentativa de escravização, sua liberdade pelo direito de viver a própria vida.

Se descermos da nossa civilização até a elevada civilidade indígena e dermos aos índios oportunidade de escolha, descobriremos que preferirão viver dentro de seus costumes e leis naturais, exigindo apenas o Direito de Viver…

O colaborador Aldemir Guimarães é poeta, escritor, professor de Sociologia, Filosofia, História e Geografia aposentado e jornalista. Já lançou os livros “Meu Tempo Nosso Tempo” (Litteris 2004), “Jorginho, o Menino de Ouro” (2ª Edicão – Litteris – 2007 e 2014), “A Formiga Solitária” (Quártica Premium 2009), “O Último Em Canto” (Quártica Premium 2012), “Mãe Gralha” (Quártica Premium 2015) e “Consciência Poética” (Clube dos Escritores – Super Livros 2018).

Facebook
Twitter
WhatsApp

Leia Mais