André Ceciliano fala sobre sua candidatura ao senado, o desenvolvimento econômico e social do estado e a defesa de um futuro governo Lula
Há pouco menos de um ano, o deputado André Ceciliano recebeu aquela que seria a sua missão mais importante até então: ser o candidato de Lula ao Senado Federal nestas eleições. O convite foi feito na casa do deputado, em Paracambi, onde o ex-presidente passou um fim de semana.
Na época, André ainda estava sendo cotado para se candidatar ao governo do Estado pelo partido do prefeito da capital. Eduardo Paes ouviu do ex-presidente que André era essencial para dar base ao futuro governo no Congresso Nacional.

– O Lula me deu uma missão: recuperar o Estado do Rio de Janeiro, lutar pela geração de empregos e garantir a governabilidade no Congresso Nacional. O Bolsonaro vai ser derrotado, mas o bolsonarismo não vai acabar. O governo de Lula não vai ser o mesmo de 2002, hoje as condições são outras. Lula sabe que eu não vou tirar o pé da bola de dividida.
André explica que a crise financeira atual, provocada pelo governo de Jair Bolsonaro, que fortaleceu partidos do centrão com emendas do orçamento secreto de Bolsonaro, cria um cenário desafiador para o ex-presidente Lula. Ele defende que, como senador, tem a capacidade de diálogo necessária para articular a aprovação de medidas defendidas na campanha do petista, como a revisão das reformas previdenciária e trabalhista.
– Essas medidas foram aprovadas sob o pretexto de gerar novos empregos, melhorar o ambiente de negócios e dar mais qualidade de vida à população. O que vimos foi o contrário: diversas empresas deixaram o país, como é o caso da montadora Ford, o Brasil voltou ao mapa da fome porque as pessoas estão desempregadas ou sujeitas a subempregos e vivemos sob uma inflação assustadora.
Como medida inicial para geração de empregos, André defende a retomada imediata das obras federais que estão paralisadas, dentre elas o Arco Metropolitano e o Complexo Petroquímico. O fortalecimento da indústria naval, que já empregou mais de 83 mil pessoas em todo o país, é também uma de suas principais bandeiras.
— Os estaleiros do Rio já empregaram milhares de pessoas no estado. Hoje, estão fechados porque não há demanda. O Rio concentra mais de 80% da produção de petróleo, mas essa indústria não está mais no Rio, sequer no Brasil! A Petrobras agora faz suas encomendas de plataformas e embarcações no exterior. Se parte da frota de mais de 300 barcos fizesse seus reparos aqui, a gente reabriria os 16 estaleiros privados e os dois públicos do estado – diz André, lembrando que o Rio já foi o segundo estado no número de empregos, e agora ocupa a sexta colocação.
Muito conhecido no meio político, André Ceciliano tem um bom trânsito com prefeitos, deputados e vereadores de praticamente todos os partidos, do espectro da esquerda à direita. Sua habilidade de fazer acordos para aprovar leis que beneficiaram milhares de pessoas é algo que herdou do seu pai comerciante, ele conta.
– Comecei a trabalhar muito cedo, aos nove anos de idade, vendendo jornais. Depois, trabalhei em uma loja de discos. Para fechar negócio, você precisa ouvir a demanda do cliente. Na política, não é diferente. Para você ser ouvido, você precisa ouvir.
Essa capacidade de articulação é reconhecida pelo próprio ex-presidente, que tem ressaltado que André é o único senador que tem seu apoio no Rio de Janeiro. Em um comício em Nova Iguaçu, na Baixada, Lula explicou a apoiadores qual a importância de ter senadores e deputados alinhados ao governo federal.
— É importante saber que o presidente da República tem um time e esse time são os deputados, as deputadas e senadores que estão conosco. Nós precisamos desse time, inclusive, para desfazer tudo aquilo que foi feito, todos os direitos dos trabalhadores que eles destruíram e que nós vamos recuperar.
Defesa do Rio de Janeiro
Como presidente da Alerj, André foi responsável por aproximar o Poder Legislativo dos municípios, estando cada vez mais próximo dos cidadãos e dos problemas enfrentados em cada região. Com uma economia média de R$ 500 milhões do orçamento da Alerj todos os anos, o Legislativo se tornou uma referência em gestão financeira e auxílio em momentos de calamidade.

O melhor exemplo é o município de Petrópolis, que recebeu R$ 30 milhões da Alerj em tempo recorde para minimizar os impactos da maior tempestade em décadas. André Ceciliano chegou à cidade ainda nas primeiras horas de chuva, acompanhou as autoridades locais e, no dia seguinte, colocou o projeto em pauta para votação no plenário.
– Aquele foi um momento muito triste não só para a cidade como para todo o estado. Mas é justamente nesses momentos que o diálogo e a união de forças devem prevalecer. Foi o consenso de um parlamento unido, apesar de todas as diferenças partidárias que são normais naquele espaço, que ajudou Petrópolis a começar a se reerguer. Quando os políticos brigam, quem sofre é o povo.
Para André, é essa união em defesa do Rio que falta aos atuais representantes do estado no Senado. Aliados de Bolsonaro, eles deixaram de se posicionar em momentos cruciais para o desenvolvimento socioeconômico do estado, ele avalia.
– O melhor exemplo disso é o Romário, que mais aparece estar jogando futevôlei na praia da Barra do que em Brasília. O que ele fez para recuperar a indústria naval, que perdeu mais de 30 mil empregos no nosso estado? Onde ele estava quando as obras do Rio foram abandonadas, quando o Bolsonaro quase acabou com o Galeão e gerou ainda mais desemprego no Rio? Romário foi um excelente jogador de futebol, mas, como senador, já está na hora de ele pendurar as chuteiras.
Revolução em Paracambi

À frente da prefeitura entre 2001 e 2008, André promoveu uma verdadeira revolução na cidade de Paracambi, na Baixada. Ele equilibrou as contas públicas, ampliou a rede básica de Saúde, fez grandes investimentos em infraestrutura e saneamento básico e criou projetos sociais, educativos e esportivos que ajudaram a reduzir drasticamente os índices de violência na região.
– Sou um cidadão da Baixada. Nasci em Nilópolis, mas vim muito cedo para Paracambi. Cresci vendo uma juventude sem oportunidades e ajudei a escrever uma nova história para as gerações seguintes. Hoje, os jovens de Paracambi contam com a Fábrica do Conhecimento, um complexo educacional que reúne 16 cursos de graduação e dois de pós-graduação, uma escola técnica e uma unidade da Escola de Música Villa-Lobos. Além dos paracambienses, o local recebe alunos de cidades vizinhas, como Japeri, Queimados, Seropédica, Engenheiro Paulo de Frontin, Mendes e Vassouras.
– A Fábrica do Conhecimento é a minha menina dos olhos. No primeiro ano como prefeito, compramos o prédio da antiga fábrica de tecidos que estava fechada há quase 20 anos. Foi ali, na fábrica que ajudou a fortalecer a economia da região no século XIX, que começamos a escrever um novo capítulo na história da cidade. Minha missão, no Senado, é lutar para que os jovens de todo o estado tenham as mesmas oportunidades que tiveram os paracambienses. São essas as minhas maiores bandeiras: educação e geração de empregos.
Edição: Patrick Guimarães