Lula em São Gonçalo: “Temos de ficar nas ruas, falar com indecisos, são semanas decisivas”

Foto: Divulgação/Reprodução
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“Quero pedir a todos: é importante procurar quem não votou e convencê-los a ir votar”, disse Lula, em São Gonçalo. E garantiu: “Sei o que cada homem e mulher espera do próximo governo, o emprego vai voltar”.

Sob sol escaldante, o candidato à presidência Lula reuniu uma multidão no centro de São Gonçalo (RJ), quinta-feira (20/10), em mais um histórico encontro com o povo do Rio de Janeiro. O ex-presidente reforçou que, para derrotar o fascismo de Bolsonaro, é necessária uma mobilização, sem descanso, até o dia 30. Lula ressaltou que a campanha chega à reta final fortalecida pela militância e pela força de uma mensagem de esperança à população, a despeito das mentiras do campo antidemocrático representado por Bolsonaro. Ele chamou a atenção, no entanto, para a necessidade de convencer os indecisos e os eleitores que não compareceram à votação do dia 2 de outubro.

“Quero pedir a cada um: é importante procurar quem não votou e convencê-las a ir votar”, pediu Lula, destacando a necessidade de um esforço final dos apoiadores nesta reta final para consagrar a vitória da coligação Brasil da Esperança. “Temos de continuar nas ruas atrás dos indecisos, são semanas decisivas”, alertou.

Antes de discursar em São Gonçalo, durante coletiva de imprensa, Lula já havia reforçado a advertência: “Nosso primeiro objetivo é diminuir o número de abstenções, é tentar convencer as pessoas de que, se votarem, elas contribuam até para falar mal de quem elegeram, que poderão cobrar”, lembrou.

No comício que encerrou a caminhada ao lado de apoiadores, Lula frisou que sabe o que cada homem e mulher quer do próximo governo. E em seguida listou o que irá fazer de imediato para melhorar a vida do povo. “Vamos fazer um esforço muito grande para gerar emprego decente para homens e mulheres”.

“Segundo, vamos acabar com a fome, todos têm o direito de tomar café, almoçar e jantar todo santo dia”, assegurou, apontando ainda que todos terão um teto para morar, com o Minha Casa, Minha Vida.

“Vamos acabar de uma vez por todas com a exploração sexual de menores no país, vamos regularizar a lei para garantir que mulher e homem que façam o mesmo serviço ganhem o mesmo salário. Vamos reunir o movimento sindical, governo e empresários, para regulamentar, outra vez, o direito dos trabalhadores brasileiros, que foram jogados no lixo após o golpe contra a presidenta Dilma”, elencou.

Multidão saúda Lula em São Gonçalo

Entre os nomes de peso ao lado de Lula estavam Rodrigo Neves (PDT) e Marcelo Freixo (PSB), ambos candidatos ao governo do estado no primeiro turno das eleições deste ano, o presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), os estreantes recém-eleitos Dimas Gadelha (deputado federal-PT), Renato Machado (estadual-PT) e Professor Josemar (estadual-PSOL), além das deputadas federais Talíria Petrone (PSOL) e Jandira Feghali (PCdoB), entre várias outras lideranças fortes no cenário político fluminense.

Cabe lembrar que, na última terça-feira (18/10), Bolsonaro (PL) também esteve em São Gonçalo, mas o espaço reservado para dezenas de milhares de pessoas reuniu muito aquém do que era esperado pela organização, não atingindo nem 10 mil pessoas, ante a multidão de mais de 30 mil reunida por Lula nesta quinta-feira (20/10). No mesmo dia (18), militantes de Bolsonaro na cidade fizeram uma montagem tosca para preencher a maior parte do terreno vazio, o que acabou gerando uma série de piadas e memes nas redes sociais, também ganhando destaque em matérias jornalísticas.

Na ocasião, ao discursar com Bolsonaro ao lado, o prefeito de São Gonçalo, Capitão Nelson (PL), citou a disputa judicial em torno da redistribuição dos royalties do petróleo e partiu para o ataque contra cidades vizinhas, ambas governadas pelos partidos de esquerda PT e PDT.

“Nós estamos em uma briga ferrenha com os municípios de Maricá e Niterói por conta dos royalties do petróleo. Eles são um bando de filhos da puta que estão brigando com São Gonçalo (…) Eles não vão tirar os recursos desse município, convençam as outras pessoas a votar também”, disse o prefeito aos gritos, enquanto associava o PT à escândalos de corrupção.

Para o deputado federal Dimas Gadelha, que assumirá seu mandato no dia 2 de fevereiro do próximo ano, “vale a reflexão sobre Niterói e Maricá, ambas entre as melhores em qualidade de vida do país. São cidades que vêm sendo exemplos de gestão. É a prova de que o nosso modo de gestão pública é o que tem oferecido as melhores condições para seus moradores, com investimentos em cidadania, no social, na geração de emprego e renda, na ampliação das oportunidades, na educação e cultura. Acho válida essa reflexão, que é o que o Lula representa, e muito mais”, analisa Dimas Gadelha.

Mulher com cartaz para Lula: ‘no seu governo comia bem, comprei casa e fiz faculdade’

Petrobras

Lula garantiu ainda que o salário mínimo será reajustado acima da inflação todos os anos, o Bolsa Família será fortalecido com os R$ 600, mais R$ 150 para cada família com crianças até seis anos, e que a Petrobras será recuperada para gerar emprego e renda ao povo.

“Vamos acabar com essa cretinice de desmontar a Petrobras”, anunciou. “Quando venderam a BR, diziam que era um monopólio, por isso, era caro. Venderam, e hoje tem 492 empresas importando gasolina dos EUA. É por isso que a gasolina é cara”, explicou Lula.

Venezuelanas

“Nosso adversário tem uma máquina poderosa de contar mentiras, não é pouca coisa a rede que meu adversário utiliza para vender monstruosidades e até para se explicar”, explicou o ex-presidente.

“Nessa situação das meninas em Brasília, ele levantou 1h da manhã para fazer uma live, tentando se explicar, tentando desmentir o que ele mesmo tinha confessado. O que ele fez está contado em vídeo por ele mesmo”, relembrou.

“Temos um presidente que reconhece a embaixadora de um país mas que não é do governo”, apontou Lula. “É inacreditável que a embaixadora da Venezuela seja indicada pelo Guaidó. Ou seja, ela não representa nem a Venezuela, nem o Guaidó, que não é mais nada lá. E continua sendo tratada como embaixadora”, espantou-se.

“Mesmo com as fake news, vamos ganhar as eleições. Acho impossível, em uma semana, ele tirar a diferença, mesmo com as loucuras que ele faz, com as mentiras que conta”, apostou Lula.

Emprego e PAC

“Emprego é uma das minhas obsessões no país”, confessou Lula. “Geramos 22 milhões de empregos com carteira profissional assinada e, nesse momento, o ramo mais fácil para fazer a atividade econômica voltar a crescer é o da construção civil e dos investimentos em obras de infraestrutura”.

“Desde a inauguração do PAC, em 2007,” relatou o ex-presidente, “inauguramos 13.814 obras, mas há quase 13.400 obras que ficaram pela metade porque a Dilma foi cassada com o golpe. Essas obras precisam ser retomadas com certa urgência. Como elas já tinham projeto, licença ambiental, é só começarmos a tocar”.

Lula disse que os projetos devem priorizar a geração de empregos locais, como nas comunidades do Rio. “Já fizemos em 2010, aqui no Rio de Janeiro”, apontou. “Quem fosse em uma obra, em qualquer comunidade, no bairro mais distante, violento, percebíamos que quem estava trabalhando eram pais de famílias ou filhos que moravam na região. Vamos retomar isso com urgência”, prometeu.

Uso ilegal da máquina pública

No início da coletiva, a presidenta Nacional do PT, Gleisi Hoffman, condenou o uso ilegal do Estado brasileiro por Bolsonaro na campanha, sobretudo, da religião, para atacar o ex-presidente Lula e o PT. Os atos têm se repetido, inclusive em igrejas, nesta reta final da disputa.

“Manifestamos nossa indignação com a quantidade de mentiras, a utilização da religião para fazer política, do poder econômico para comprar voto, da máquina do Estado brasileiro. É uma vergonha o que está acontecendo em termos de processo eleitoral”, protestou Gleisi.

Fotos: Ricardo Stuckert.

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